Cultura Unespar

Cultura: dizem os doutos e os dicionários que a palavra vem do latim “colere”, cultivar. 

 

Cultura é cultivo.

​

Cultivo de si e do outro. Cultivar nossas relações, criar espaços de trocas e condições de novas sociabilidades. Amizade e amor são atos de cultura.

​

Cultivar amigos à mesa é cultura. O sabor da comida de infância, a nossa infância que é sempre única, intransferível e, por vezes, incomunicável. Sabor da comidinha de mãe-vó-tio-tia é cultura.

 

Cultivar a imaginação e a sensibilidade através da arte é cultura. Cultivar-se para imaginar mundos outros, para sentir de maneiras menos automatizadas.

 

Cultivar-se para render culto é religião, e religiosidade é expressão de cultura.

 

Cultuar nossos antepassados, nossa história e aquela dos povos originários. Lembrar-se, porque memória é cultura. 

 

Cultivar o amor pelas palavras da nossa língua, flor do lácio in (culta) e bela, é cultura. Por falar em palavras, “colere” também nos lembra outra palavra: ‘cólera’: a cólera que alimenta a luta contra todas as formas de opressão, preconceito, injustiça, diminuição da nossa alegria de vida. Cólera também é cultura.

 

Cultivar o solo, fazer colheita do pão. Cuidar da natureza, saber-se um com outras espécies, com plantas, rios, ar, as chuvas. Agricultura, como o nome já diz, é cultura (já o agronegócio, pode que seja outra coisa...).

 

Cinema, teatro, literatura, dança, poesia, pintura, música, artesanato, grafite, arquitetura, comidas, festas e saberes populares, agroecologia, enfim, uma grande lista de manifestações materiais e imateriais que nos formam, nos moldam, nos cultivam. Cultura (s): diversas, complexas, plurais. 

​

É difícil (se não impossível) encontrar uma definição não problemática de cultura. Talvez porque cultura não se trate de um ser que possa ser definido, mas de um “sendo”, sempre em processo, sempre em construção, sempre efêmero. A UNESPAR está agora no processo de elaboração de sua Política Institucional de Arte e Cultura. Por isso, convidamos estudantes, docentes, agentes, artistas, gestores culturais e comunidade externa nessa construção coletiva.

​

Que culturas temos?

Que culturas queremos?

Que mundos queremos cultivar?

​

​

- Texto de Marcelo Bourscheid